Vampiro - Doenças Vampíricas

Quando os imortais descobrem seus próprios limites...

 

"Como já contei-lhe em cartas anteriores, caríssima, um dos erros mais comuns aos jovens de nossa espécie, e que leva ao Oblívio prematuro de muitos de nossos Neófitos, é a crença na virtual imortalidade dos Cainitas. Mas os sábios conhecem os riscos que corremos todas as noites, seja pelas mãos de nossas presas, seja pelas garras dos Lupinos, seja por aquilo que não conhecemos... (...) Mas nada há de ser mais doloroso que a morte pelas pragas. Oh!, agonia que remete aos meus tempos de juventude, quando a Peste varria os vilarejos, ceifando as vidas de todos(...)."

Gerard Frances Castelle, Ventrue de 6a Geração, a uma protegida.

 

Os Cainitas gabam-se demais da sua suposta "imortalidade". Esta imortalidade que eles ganharam junto com o Abraço, esse Dom que para muitos compensa o sacrifício de viver escondido, sem o toque do sol ou a consciência limpa... Só que esta imortalidade, que também custa o sangue de inocentes, tem um limite.

Algumas doenças, sejam aquelas que afetam os humanos ou pestes exclusivas aos vampiros, mostram que a imortalidade, embora seja eterna, pode às vezes ser inútil. Os vampiros estão mortos, portanto as doenças fatais não os afetam da mesma forma (e por outro lado, seu corpo não possui as defesas imunológicas que um humano normal possui). Veja como as doenças vampíricas podem tornar-se uma ótima ferramenta na sua crônica...


As Doenças humanas e os Vampiros:

Alguns podem até crer que não, mas várias doenças humanas podem afetar os vampiros. Mas estas não causam nos Cainitas os mesmos sintomas que os humanos sofrem. Algumas doenças ficam, por exemplo, apenas latentes no organismo do vampiro, esperando a hora de espalhar o contágio... Vamos a alguns exemplos:

  • AIDS:
    A AIDS é uma das doenças humanas mais encontradas em Cainitas, justamente por causa da alimentação dos vampiros (alguns Cainitas costumam ridicularizar os Neófitos contaminados, perguntando por "comida estragada"). De qualquer forma, o vírus HIV permanece no organismo do vampiro até que todos os Pontos de Sangue contaminados sejam eliminados (contagem à critério do Narrador). O Cainita que se alimentar de outro humano após sugar um doente de AIDS pode transmitir a doença à sua segunda presa, através da mordida. Vários casos de contágio de AIDS de formas não-convencionais vêm chamando a atenção das autoridades. (Veja o suplemento Os Caçadores Caçados para mais detalhes).

  • Anemia:
    O sangue anêmico não pode sustentar um vampiro corretamente. Para cada Ponto de Sangue anêmico sugado da vítima, o vampiro recebe apenas 1/2 ponto. Além disso, o gosto do sangue anêmico parece, para os Cainitas, como "refrigerante aguado", fraco demais para a maioria dos paladares.

  • Hemofilia:
    O sangue hemofílico já foi causa de morte para vários Neófitos desavisados. Se um Neófito tenta regenerar um ferimento com este tipo de sangue, todos os Pontos de Sangue hemofílicos gastos no local simplesmente esvaem-se, sem curar a ferida. Uma das armadilhas mais cruéis para um vampiro é certificar-se de que ele bebeu apenas sangue hemofílico, e causar-lhe alguns ferimentos. Ao tentar curar-se, o Cainita perde o sangue que possui, e entra em Torpor.

  • Leucemia:
    A leucemia também pode levar um vampiro ao Torpor. O sangue leucêmico age da mesma forma que o sangue anêmico, mas ainda causa o aparecimento de tumores se não consumido em 24 horas. Estes tumores devem ser retirados através de cirurgia, ou o vampiro pode gastar 4 Pontos de Sangue normais para eliminá-los.


As Pragas de Caim:

Alguns dos primeiros vampiros acreditavam que Caim, ao afastar-se de seu povo, rogou-lhes uma praga. Da mesma forma que Deus os salvou das doenças normais, Caim lhes dava novas doenças, para que sua descendência jamais esquecesse o dom da humildade e da humanidade.

Esta lenda consta das páginas do Anatomia Vampirica, um tomo escrito em 1536 por Lord Michael Borishkaw, médico famoso durante a vida, e destacado Membro do Clã Ventrue após o Abraço. Ele relata as várias pragas vampíricas, à luz da medicina da época, e formas de evitá-las. Do livro original, apenas 5 cópias são conhecidas, 3 nas mãos de Anciões da Camarilla. Algumas dessas doenças desapareceram, outras são apenas especulações, e algumas na verdade eram casos isolados (como o caso do Nosferatu Thadeus, que apodrecia ao beber sangue de animais). Algumas das pestes vampíricas mais conhecidas até hoje são:

  • Repulsa ao Sangue Humano (O Preço do Pecado):
    A Diablerie não é apenas um tabu porque ameaça a primazia dos Anciões: há um risco muito maior (e desconhecido) em torno desta prática condenada. Alguns vampiros possuem, em seu organismo (os cientistas que pesquisam esta doença não sabem se a proteína é herança de certas ramificações da Família ou se faz parte de certos tipos sangüíneos humanos), uma proteína chamada Sanguina-4. Quando o sangue contaminado é utilizado pelo vampiro, não importa a forma de uso, esta proteína impede que o sangue humano seja novamente utilizado para a alimentação do Cainita, que deve agora optar pelo sangue de animais ou outros Cainitas. Por isto, esta doença é chamada de Preço do Pecado. Não há cura conhecida para a contaminação por Sanguina-4. A transmissão pode se dar por Laço de Sangue (jogue 1 dado; em caso de resultados 1 ou 2, o Cainita que recebeu o sangue contamina-se), Vaulderie (como o exemplo anterior, mas em resultados de 1 a 4), ou Diablerie (a contaminação sempre ocorre).

  • Anemia vampírica:
    Veja o Defeito Sangue Fraco (página 20 do livro Vampiro: Guia dos Jogadores)

  • Hemofilia vampírica:
    A Hemofilia Vampírica é uma das doenças mais graves que podem acometer os Cainitas. O sangue do vampiro é simplesmente incapaz de regenerar ferimentos, e o Cainita sangra descontroladamente quando se fere, precisando de sangue constantemente até que o ferimento se feche (dispêndio de 8 Pontos de Sangue/nível de Ferimento), ou pode entrar em Torpor. A Hemofilia Vampírica não tem cura, e pode ser transmitida por Diablerie.

  • Hemorragia vampírica (A Máscara da Morte Rubra):
    A única doença conhecida capaz de destruir um Cainita, a Hemorragia Vampírica é causada por um vírus, inofensivo ao homem, mas fatal em Cainitas e outros seres que alimentam-se de sangue (como as Ananasia). Quando o vírus é utilizado pelo organismo vampírico, o Narrador rola secretamente um teste de Vigor (dificuldade 8). Se o teste conseguir menos de 3 sucessos, o vampiro foi contaminado. Para cada Ponto de Sangue gasto para aumentar um atributo, ou para curar um ferimento, o Narrador rola secretamente um teste de Vigor, com a dificuldade equivalente ao quádruplo dos pontos gastos no turno, e exigindo 2 sucessos (Fortitude não conta nestes casos). Se o teste falhar, o vampiro perde mais 1 Ponto de Sangue, e ganha uma mancha vermelha no corpo. Estas manchas alastram-se e cobrem todo o corpo, dando ao rosto uma aparência pálida e horrenda, o que deu a esta doença o apelido de "Máscara da Morte Rubra", em homenagem ao conto de Edgar Allan Poe. Quando o vampiro falhar em um número de testes equivalentes ao seu Vigor x4, ele entrará num Torpor irreversível. Esta doença não tem cura, e pode ser transmitida por Diablerie, Vaulderie e Laço de Sangue.


A Reação dos Sectos sobre as Doenças:

A Camarilla: este Secto não ignora as Epidemias Vampíricas, como aquela que atingiu a cidade de Russell há 3 meses, mas o empenho dedicado à pesquisa de curas é muito restrito aos Ventrue e Nosferatu. Alguns Anarquistas acreditam que os Anciões desejam o fim dos Neófitos pelas garras das doenças, pouco se preocupando em divulgá-las ou encontrar uma cura. Talvez eles estejam certos.

O Sabá: os vampiros do Sabá são os mais dedicados pesquisadores das doenças vampíricas, que na opinião deles podem ser consideradas as "armas biológicas" da Jyhad. A razão deste empenho está nas práticas do Sabá, que envolvem o compartilhar de sangue, e que já causaram a contaminação de vários vampiros. Os vampiros de menor importância que contaminam os poderosos do Sabá desta forma são executados sumariamente, mas nada ocorre na situação oposta.

O Inconnu: como em todos os outros assuntos vampíricos, todo o tipo de desconfiança é lançada sobre o Inconnu, desde a acusação de criação das doenças até a afirmação de que eles sabem a cura para estas. Porém, nada disso é confirmado por seus membros.


O Uso das Doenças Vampíricas em sua Crônica:

As doenças apresentadas aqui são apenas modelos. Use-as como quiser, e pode estar certo de que histórias onde estes elementos possam ser usados não faltarão. Desde a velha fórmula da epidemia à solta na cidade, podemos fazer qualquer tipo de história tendo este inimigo invisível e fatal.

Uma série de desaparecimentos de Cainitas pode conduzir à descoberta de uma nova doença; um dos personagens é contaminado e precisa logo encontrar uma cura, mas a cura está nas mãos de seu pior inimigo (ou do Sabá...); o Príncipe foi contaminado, e a luta pela sucessão a seu posto acende a Jyhad na cidade... São várias as opções. Só saiba usar as doenças não como um meio para remover personagens da Crônica, e sim como um fator de horror a mais nas histórias que você narra, e sua Crônica será um sucesso... Afinal, se os seus personagens queriam imortais de verdade, por que não jogar Storyteller com os Highlander?

 

Marcelo Sarsur

 

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