Mago - A Polícia Temporal

Uma tese sobre as reais razões dos fracassos em viagens temporais...

As viagens no tempo são um grande problema nas crônicas de Mago: a Ascensão. Embora sejam uma fonte excelente para idéias de aventuras, permitir que os personagens possam escapar de qualquer situação apenas voltando no tempo e "consertando" o problema simplesmente detona toda a diversão.

E parece que os autores de Mago decidiram lidar com esta brecha nas regras simplesmente ignorando a questão, declarando que "Pelo que se saiba, nenhum mago viajou com sucesso para o passado e retornou. Podemos supor que o Paradoxo destrói o mago que tenta este tipo de viagem(...)" (Mago: a Ascensão, página 223). Mas, na mesma página, podemos observar um trecho interessante: "Por outro lado, existem rumores constantes de que viagens no tempo realmente são possíveis, e que uma conspiração sem escrúpulos ao longo do tempo esconde este conhecimento.". Obrigado, autores do Mago. Vocês não me decepcionaram.

Este artigo baseia-se na premissa acima: uma conspiração bem-organizada vigia as linhas cronológicas, evitando que os Despertos, de todas as Facções, consigam viajar no tempo. Uma espécie de polícia, vigiando atentamente os saltos cronológicos, e mantendo a ordem sobre o tempo e a história que conhecemos. Neste artigo, investigaremos a Polícia Temporal, sua história, seus métodos e seus objetivos. Mas será que a vigilância no tempo é necessária?

 

A Ordem da Ampulheta:

Desde a compreensão do conceito humano de "tempo", os Despertos vêm tentando quebrar mais esta regra natural. Com seus estudos, descobriram como a Vontade pode romper as ligas temporais, e assim fizeram as primeiras viagens no tempo. A Esfera do Tempo, porém, só foi dominada por um grupo maior de pessoas durante o período da Grécia Antiga, quando originou-se a antiga Tradição dos Profetas de Cronos. Estes Despertos eram vistos com desconfiança, e as outras Tradições tinham razão: os poderes manipulados por estes Magos subjugava qualquer força já conhecida: o mais poderoso Mestre das Forças poderia desafiar um Mestre do Tempo para um Certame, bastando apenas ao Mestre de Tempo rejuvenescer seu oponente à idade de um bebê e cortar sua garganta!

Mesmo detentores de muito poder, os Mestres do Tempo não puderam evitar a queda de sua Tradição, substituída por um grupo de hedonistas que denominam-se "Cultistas do Êxtase". Estes fracos mal compreendem que o tempo é muito mais que uma ferramenta para prolongar os prazeres que eles tanto buscam. E esta situação agrada aos Monitores Temporais, já que os maiores conhecedores do Tempo não possuem interesse em sua manipulação.

O que poucos sabem é que uma pequena Cabala da Tradição dos Profetas de Cronos refugiou-se, durante a queda de Roma, num local denominado Extra-Tempo, fora da Terra, nas Zonas Umbráticas. Influenciados pelo pensamento de controle e vigilância, o mesmo que geraria a Cabala do Pensamento Puro em alguns séculos, esta Cabala denominou-se a Ordem da Ampulheta, vigilante do tempo, das probabilidades e das viagens cronológicas.

Entre as primeiras ações da Ordem, no século V, estiveram a monitoração da queda do Império Romano Ocidental; a expansão do Cristianismo; a ascensão da Idade das Trevas, e a cada vez menor divulgação do conhecimento. A Ordem não desejava que as pesquisas sobre o Tempo revelassem ao homem os segredos das viagens cronológicas, e os Despertos já possuíam problemas demais com a Inquisição e a recém-criada Cabala do Pensamento Puro.

Mas foi a própria Tecnocracia, no século XIX, quem forçou a Ordem da Ampulheta a modificar seus métodos. Com a Revolução Industrial e as alterações na Cabala, a ordem mudou de nome, passando a chamar-se Agência de Controle Cronológico (ACC). A Agência buscou no futuro o armamento de seus agentes de campo, os Operativos Cronológicos, e modernizou a estrutura de linhas temporais. Assim, os métodos de defesa da Agência contra-balancearam os avanços nas viagens no tempo.

 

A Estrutura da Agência:

A Agência de Controle Cronológico possui uma estrutura rígida, composta por humanos, robôs e ciborgues à serviço da ordem e do controle temporais. Estes empregados são construídos (no caso dos robôs), raptados de suas linhas cronológicas ou clonados (uma prática comum nos escalões superiores). Só há uma regra: uma vez trabalhando para a ACC, o empregado sairá apenas morto ou com as memórias de seu período no Extra-Tempo apagadas.

No degrau mais baixo da escala estão os Técnicos, responsáveis pelo funcionamento do Forte do Extra-Tempo, em atividades manuais, como faxinas, consertos mecânicos, etc. Logo após, temos os Cronomonitores, homens sem face, cada um responsável por uma linha de tempo como a nossa. Quando um fato importante ocorre em uma linha, esta fraciona-se em várias linhas separadas, cada qual com um outro Cronomonitor, uma na qual o fato ocorreu, e outras com variações do fato como ele realmente aconteceu na linha matriz.

Em seguida, estão os Agentes Freelance, contratados às vezes para operações perigosas ou que demandam um grande número de homens. Estes homens bem-capacitados (na maioria dos casos Despertos) são pagos por serviços prestados, e podem permanecer no Extra-Tempo durante o período dos contratos. Os agentes de campo mais importantes são os Policiais Temporais.

Estes homens, todos Despertos e com aptidão em Tempo, são utilizados nos casos mais extremos de captura. A ACC jurou nunca interferir nas pesquisas temporais mas, se um Desperto realiza um salto para o passado, por exemplo, ele pode ser capturado e levado para o Extra-Tempo até o fim de sua pena por Violação da Ordem Cronológica Vigente, que pode variar de 10 a 250 anos, dependendo da violação. Os Policiais podem utilizar aparatos de viagem cronológica, transporte à velocidade superior à da luz, e implantes cibernéticos, vindos diretamente do futuro da Terra.

Acima dos Policiais temos apenas a Autoridade Cronológica Suprema, que julga os casos de descontinuação cronológica. Este é um grupo fechado, formado pelos integrantes da última Cabala dos Profetas de Cronos. Atualmente, a Autoridade é formada por 6 membros, todos Mestres de Tempo.

 

A Agência de Controle Cronológico em sua Crônica:

Se você quiser uma crônica centrada na ACC, tenha em mente o poder da organização e o tipo de personagem necessário. Personagens envolvidos com viagens no tempo (isto é, que possuem a Esfera do Tempo) ou investigadores umbráticos que descobrem a ACC são boas escolhas. Algo me faz lembrar do Dr. E. L. Brown e seu amigo Marty... Uma crônica interessante poderia nascer desta premissa...

Os Técnicos e Cronomonitores são construídos como humanos normais (6/4/3 para Atributos, 11/7/4 para Habilidades, Força de Vontade 5, Arete 0, Esferas 0, e 21 pontos de bônus a serem gastos em qualquer coisa a não ser Arete ou Esferas). O único Antecedente de um Técnico ou Cronomonitor é Aliados 5 (uma grande organização, com domínio sobre todo o tempo). Técnicos ou Cronomonitores tendem a ser todos iguais e monótonos, portanto tê-los como personagens não é interessante. Já os Policiais Temporais...

O Policial Temporal mediano possui as seguintes estatísticas (veja quadro):

 

Atributos

Força 3
Destreza 4
Vigor 4
Carisma 2
Manipulação 4
Aparência 2
Percepção 4
Inteligência 3
Raciocínio 4
(Atributos naturais ou ampliados por implantes cibernéticos)

Habilidades

Prontidão 3
Esportes 2
Briga 4
Intimidação 3
Consciência 3
Armas de Fogo 4
Furtividade 2
Tecnologia 4
Computador 4
Direito Temporal (Código das Leis Cronológicas, instituído pela Agência) 3

Esferas

Entropia 3
Correspondência 3
Tempo 4
Mente 3

Antecedentes

Aliados 5
Avatar 2

Arete: 3 (Mínimo)
Força de Vontade: 8

 

Os Agentes Freelance variam muito, mas são quase todos Despertos "cumprindo pena" por Violação do Ciclo Cronológico, ou seja, viagem no tempo sem autorização.


Algumas idéias para histórias:

  • Fuga impossível:
    Os personagens, após uma viagem no tempo, são abordados por um grupo de Policiais Temporais. Fugindo dos Policiais, em várias épocas e lugares, os personagens vão cada vez mais sendo encurralados por homens que possuem a única força no universo da qual não se pode ser mais rápido: o tempo.

  • Capturados no Tempo:
    Uma continuação quase certa à história acima, os personagens são capturados pelas forças da Agência, e devem sofrer seu julgamento, ou tentar um meio de fugir do Forte do Extra-Tempo, onde o tempo não passa. Esta história pode conduzir à idéia de crônica a seguir...

  • Agentes do Tempo:
    Os personagens, condenados à morte por Violação da Ordem Cronológica, podem cumprir uma pena alternativa... Como agentes freelance da Agência do Controle Temporal durante uma missão. Suas memórias serão apagadas, e nenhum segundo de sua vida será perdido, mas será que impedir que outros saibam a verdade sobre a Agência, mesmo que salve a vida da Cabala, vale mesmo a pena?

  • Os Policiais Temporais:
    Você pode também ser um Narrador extremamente bonzinho e permitir que seus jogadores criem Policias Temporais em uma crônica especial, apenas corrigindo as falhas temporais e caçando Despertos incautos. Se você decidir-se por este tipo de crônica, Narrador, boa sorte. Mantenha as histórias em um nível interessante, e você terá excelentes partidas, não importa o nível de poder dos jogadores...

 

Marcelo Sarsur

 

Volta à Página Anterior